Série Casa
textos de letícia
→ Depoimento para o catálogo Arte e novos meios. São Paulo: FAAP
→ Letícia Parente by letícia Parente
→ Proposta de arte experimental
→ Proposta de seriação de trabalhos
→ Proposta geral da obra em vídeo (com sinopses e fichas técnicas)
→ Arte postal: produção de vídeo (relato)
→ Videoarte - proposta geral da obra (PDF, 2,6MB)
→ (Sem título) (dois diagramas, PDF, 3,5MB)
→ (Sem título) (categorização dos trabalhos, PDF, 6,4MB)
→ (Sem título)(sobre substancialismo (PDF, 2,6MB)
→ Conceito em exploração: substância (PDF, 900KB)
→ Conceito: substância (diagrama, PDF, 345KB)
→ Conceito em exploração: mistura (PDF, 890KB)
→ Conceito: mistura (diagrama, PDF, 345KB)
→ Teste de enunciado rápido - conceito: fase (PDF, 890KB)
→ (Sem título) (sobre a linha de trabalho, manuscrito, PDF, 1,8KB)
→ (Sem título) (manuscrito 28/5/75, PDF, 1,8KB)
→ (Sem título) (manuscrito 19/6/75, PDF, 1,8KB)
→ (Sem título) (manuscrito 19/6/75, PDF, 1,8KB)
Proposta geral da obra em vídeo
Letícia Parente
O artista pretende estabelecer as coordenadas de cada situação arqueológica sobretudo com relação ao tempo e ao espaço.
O ponto referencial do espaço, na maioria das vezes, é a própria autora como elemento ora passivo, ora ativo da ação.
A tecnologia, representada pelo recurso sempre presente é, na maioria das vezes um personagem visível ou invisível. Pode ser obstáculo nos cortes, ponte de união entre o perto e o longe e denotedor das distâncias, para vencê-las ou ampliá-las, entre os diversos níveis de consciência interna do personagem. O que se quer, em suma, do vídeo é a possibilidade de confrontar vivência ao nível mais profundo, ao plano do visceral, passando ao do corpóreo tátil com aquelas sofridas nas regiões circundantes do externo imediato.
O tempo resta agora “ampliado” pelo poder da máquina, como o aumento fotográfico de um detalhe. A tecnologia potencializa ao máximo, por todas as vias de acesso e por todas as vozes que acrescentam a capacidade de penetrar na ocorrência.
Um dos aspectos mais importantes é que as contradições permanecem não resolvidas, mas, antes mesmo realçadas de uma forma ora sutil, ora repetitiva, constante ou fugaz.
PREPARAÇÃO I
A artista chega no espelho do banheiro e vai se preparar para sair. Cola um esparadrapo sobre um dos olhos e desenha sobre o esparadrapo com lápis de sobrancelha um olho aberto. Faz o mesmo com o outro olho. Em seguida, cobre a boca com esparadrapo também, e desenha sobre ele com um batom uma boca. Ajeita o cabelo. Pega a bolsa e sai.
Ano: 1975
Duração: 6 minutos
Formato: porta-pack ½ polegadas
Câmera: Jom Tob Azulay
MARCA REGISTRADA
A autora costura a sola do pé com uma agulha enfiada com linha preta. Borda a inscrição “MADE IN BRASIL”.
O trabalho pretende a materialização da idéia de reificação da pessoa, fato característico da sociedade no momento histórico presente. A coisificação implica em pertencer. O pertencer porém transcende também à coisificação por força da ligação profunda e indevassável com a terra pátria. A marca registrada pode se assemelhar ao “ferro” de posse do animal mas também ela constitui a base de sua estrutura e acima da qual a pessoa sempre estará constituída em sua historicidade: quando de pé sobre as plantas dos pés.
Ano: 1975
Duração: 9 minutos
Formato: porta-pack ½ polegadas
Câmera: Jom Tob Azulay
IN
A artista entra no seu próprio armário vazio e se pendura através de sua roupa, pelos ombros, num cabide. Fecha-se a porta do armário, encerrando-a.
Ano: 1975
Duração: 3 minutos
Formato: porta-pack ½ polegadas
Câmera: Jom Tob Azulay
PONTOS (desaparecido)
Uma mão desenha uma caneta com pena sobre uma cartolina. Após desenhada a caneta é recortada e costurada com agulha e linha preta sobre o dedo indicador da mão esquerda. Em seguida a pena é imersa num tinteiro e com ela marca-se um ponto sobre uma folha de papel.
Ano: 1975
Duração: 6 Minutos
Formato: porta-pack ½ polegadas
Câmera: André Parente
PREPARAÇÃO II
São aplicadas, pela própria pessoa em si mesma 4 injeções. Após cada aplicação são escritos dizeres numa ficha de controle sanitário internacional para a saída do país. Os registros são feitos na coluna sob o título VACINAS:
- anticoloniaismo cultural
- antiracismo
- anti mistificação política
- anti mistificação da arte
Ano: 1976
Duração: 7 minutos
Formato: porta-pack ½ polegadas
Câmera: Ana Vitória Mussi
CHAMADA (desaparecido)
A artista entra num apartamento, chega à sala onde numa mesa está um gravador de som e um telefone. Grava numa fita a pergunta: “ALO, É A LETÍCIA?”. Repete a pergunta muitas vezes. Pára a gravação. Volta a fita. Aciona de novo o gravador e deixa a pergunta ecoando. Liga o telefone para o seu próprio apartamento e deixa o fone perto do gravador. Sai do apartamento, desce as escadas, chega à rua, desce a ladeira entra no seu próprio prédio, sobe as escadas, chega à porta de seu apartamento, abre a porta com a chave, escuta o telefone tocando, retira-o do gancho, ouve sua voz gravada perguntando, “ALO, É A LETÍCIA?” Responde, “É A LETÍCIA...”
A artista se chama e se identifica por três vias de acesso. Uma interior imediata, muda, silenciosa de si para si mesma. Invisível. Outra através de seu corpo chamando - a si e conduzindo-se corpo, pelas pernas atravessando o espaço físico até sua casa e respondendo: “ALO, SOU EU MESMA...”
A terceira via transcorre dentro do meio tecnológico que grava a sua voz, transmite-a pelo telefone até a sua casa, fá-la esperar até sua chegada, chama-a e a quem ela própria responde: “É A LETÍCIA...”
Ano: 1978
Duração: 10 minutos
Formato: porta-pack ½ polegadas
Câmera: André Parente
QUEM PISCOU PRIMEIRO
Duas pessoas (André e Angela Parente) sentadas diante de um espelho olhando uma para a outra através do mesmo. Por trás de ambas um painel e nesse painel um orifício por onde sai a objetiva de uma câmera de vídeo (o terceiro olho) na direção do espelho. As pessoas se observam para ver quem pisca primeiro. Num determinado momento dão o jogo por encerrado... Mas quem piscou primeiro?
Ano: 1978
Duração: 4 minutos
Formato: porta-pack ½ polegadas
Câmera: Letícia Parente
ESPECULAR
Duas pessoas, sentadas no chão, uma defronte da outra, estão ligadas por uma espécie de estetoscópio duplo de modo que os tubos que saem dos ouvidos de cada uma, se ligam no meio, através de um tubo comum.
A primeira afirma:
- Eu estou pensando que você está escutando o que eu estou falando.
A segunda responde:
- Eu estou pensando que você está escutando o que eu estou falando do que você pensava que eu estava escutando do que você falava...
A primeira prossegue:
- Eu estou pensando que você está escutando o que eu estou falando do que você pensando que eu estava escutando do que você falava do que eu estava pensando que você escutava do que eu falava...
E continua assim até o quinto termo.
Ano: 1978
Duração: 4 minutos
Formato: porta-pack ½ polegadas
Câmera: Letícia Parente
O HOMEM DO BRAÇO E O BRAÇO DO HOMEM (em co-autoria com André Parente)
Vê-se a imagem de um anúncio em néon de um corpo de homem da cintura para cima, distendendo e contraindo um dos braços, num gesto simbólico de exibição de força. (É o anúncio de uma academia de ginástica.)
Após alguns minutos com esta cena, aparece um homem de torso nu, da cintura para cima, movimentando o braço da mesma forma. A medida que o gesto se repete, o homem demonstra fadiga e não sustenta o ritmo alentando o movimento.
Ano: 1978
Duração: 6 minutos
Formato: porta-pack ½ polegadas
Câmera: André Parente e Letícia Parente
Modelo/ator: André Parente
ONDE (em co-autoria com André Parente, vídeo desaparecido)
Letícia não deixou nada escrito sobre o video ONDE. Trata-se de um jogo de imagens ao infinito ocasionado pela gravação de gravarmos a imagem de um aparelho de TV que transmite a própria imagem do que está sendo gravado. Constitui-se, portanto, um curto-circuito da imagem (da imagem (da imagem (da imagem) ao infinito.
Ano: 1978
Duração: 4 minutos
Formato: porta-pack ½ polegadas
Câmera: André Parente
DE AFLICTI (ORA PRO NOBIS)
Aparecem sucessivamente em imagens fixas, gestos de mãos e pés entrelaçados, contraídos e contorcidos. Cada imagem surge do escuro e depois se dissolve no escuro. Uma voz reza uma litania: ORA PRO NOBIS. O ritmo é como o fechar e abrir de um olho (o olho da câmera), convocado pela invocação.
Ano: 1979
Duração: 10 minutos
Formato: porta-pack ½ polegadas
Fotografias: André Parente
Câmera: André Parente
NORDESTE
Uma mala de couro rústica é arrastada pela autora até o centro do campo visual. A mala é aberta e vê-se dentro dela duas cobras vivas sobre um lençol branco. A artista procura retirar o lençol sem ser atingida pelas cobras. Ao retirá-lo fecha a mala e abraça-se com o mesmo. Música de fundo: canção de Caetano Veloso: no dia que eu vim embora... terminando no verso “e a mala cheirava mal...”
Ano: 1981
Duração: 3 Minutos
Formato: Betamax, colorido
Câmera: Cacilda Teixeira da Costa
TAREFA I
Letícia não deixou nenhuma anotação sobre este vídeo. A artista deita-se dobre a tábua de passar e alguém passa a sua roupa à ferro (ela estando dentro da mesma).
Ano: 1982
Duração: 3 minutos
Formato: Betamax, colorido
Câmera: Desconhecido
VOLTA EM REDOR DO GLOBO (desaparecido)
Dentro de um carro chegando num cruzamento encontra-se um jornalista com o jornal O Globo fazendo gestos espontâneos (quase ritualísticos de apresentação de “mercadoria”), toma-se o jornal, mostra-se o título e faz-se o círculo demarcado pelo asfalto em torno do Globo.
Ano: 1981
Duração: 8 minutos
Formato: Betamax, colorido
Câmera: Cacilda Teixeira da Costa
CARIMBO
A artista é endereçada no rosto com o endereço de Biena1. Uma foto de sua mesma face enve1opa o vídeo gravado com o endereçamento e de novo é endereçado à Biena1. Na biena1 abre-se o pacote e aparece a fisionomia da atriz remetente como destinatário, na te1a de outro vídeo, no escritório de recepção da Biena1.
Ano: 1981
Duração: 10 minutos
Formato: VHS, colorido
Câmera: Roberto Sandova1
VERDE DESEJO / FOME DA CIDADE (desaparecido)
Um garoto vê um homem comendo um côco em restaurante de praia. Deseja o côco. Sobe num coqueiro e tira-o. Abre-o com as mãos. 0 côco esta vazio. Decepção do garoto e a fome da cidade.
Ano: 1983
Duração: 3 minutos
Formato: VHS
Câmera: Desconhecido
TELEFONE SEM FIO (em co-autoria com Ana Vitória Mussi, Anna Bella Geiger, Fernando Cocchiarale, Ivens Machado, Miriam Danowski, Paulo Herkenhoff, Sônia Andrade,)
O grupo de artistas (autores do vídeo) brinca de telefone sem fio, fazendo a mensagem passar de ouvido à ouvido e observando a deformação que ela sofre.
Ano: 1976
Duração: 13 minutos
Formato: porta-pack ½ reel
Câmera: David Geiger